sábado, 10 de janeiro de 2009

COMUNIDADE SÃO JOSÉ DA COLÔNIA DO PIQUIÁ

Cópia (2) de old photos 018
Igreja de São José e o Centro Social / Nova Igreja. Foto outubro de 201
A comunidade São José da colônia do Piquiá situa-se ao norte da cidade de Itacoatiara, no ramal Silva Amazonas, km 05 da estrada AM / 010 km 11, margem direita. Possui uma área de estrada de 10.800km. Nesta área estão localizados 39 lotes de terras tituladas e 32 lotes que são posses.
A colônia São José do Piquiá tem uma população aproximada de 385 habitantes, são 73 famílias residentes na comunidade do Piquiá e uma grande vocação agrícola entre elas o cultivo de mandioca de grande relevância para os comunitários. Segundo Uggé:
A mandioca é um produto básico da alimentação indígena da Amazônia e porque não dizer do caboclo. A origem da mandioca perde-se nos milhares de anos em que a sabedoria indígena conseguiu produzir uma variedade de espécie de mandioca, adaptando-as ao difícil terreno Amazônico. Terreno ácido e arenoso é preservado da erosão pelo equilíbrio cíclico da floresta. Os tubérculos da mandioca são transformados em varias qualidades de alimentos: farinha d’água, tapioca, crueira, biju, tucupi, goma, etc.
Para os índios sateré-maué é tarefa da mulher índia colher, descascar, ralar, espremer com tipiti a mandioca e seca-lá para tirar o ácido letal. Ter farinha é sinal da fartura, segurança, vida e bens para troca. O bem-estar físico e material depende da produção de farinha.
A origem da mandioca é explicada com o mito que conta que “a mandioca foi dada no começo do mundo aos maué em forma de um único pé e esta enorme planta produzia com fartura. Este primeiro pé de mandioca era mulher nova, bonita, mas ela exigia muito cuidado e segredo sobre o valor dela. Tinha um velho que gostava de plantio, ele recebeu a primeira mandioca: um só pé que produzia. Ele ficou tão feliz que foi contar para todos e assim transgrediu ás normas de manter o segredo sobre isso. O castigo foi a volta da primeira mandioca para os pais e o velho teve que fazer roça com muitos pés de mandioca. Até nossos dias contínua a fadiga de derrubar, queimar, plantar, limpar e preparar o terreno para o cultivo e a produção da mandioca. Por isso que se precisa de muitas pessoas para fazer uma roça bonita.
A maior tristeza de uma família indígena é não ter roça com mandioca, ou quando calamidades naturais prejudicam a roça. É orgulho da mulher índia trabalhadora, manter a roça bonita, cuidar da produção. Como o homem indígena realiza a própria atividade na caça, na pesca, conhecendo e convivendo com o mato e o rio, a mulher realiza a atividade na roça, plantios e até com pequenas criações de galinhas, patos, ou outros animais domésticos que identificam o trabalho da mulher e a conotação produtiva dela.
O valor e a estima da mulher indígena passam pela atividade produtiva que ela sabe mostrar. Durante o dia, geralmente as casas nas aldeias estão vazias.
Os índios estão pelo mato, roças ou rios cada qual na própria função e atividade – e o alimento que os acompanha tem que ser ao menos um punhado de farinha de mandioca que se torna misturado com simples água, numa cuia. Isso é chamado de chibé pelo caboclo e pelo índio Uiy (farinha molhada).
O símbolo mais expressivo da pobreza ou carência de uma casa ou família é quando se diz que: “aí nem chibé tem”. Uggé (p. 75,76)
Mulher torrando tapioca.
A comunidade São José do Piquiá no dia 04 de maio de 1992, as 9:00h no centro social da comunidade teve seu nome alterado para comunidade São José da colônia do Piquiá em virtude da fundação da associação dos Produtores Rurais da Colônia do Piquiá cujo nome até hoje prevalece. Mas tudo começou no ano de 1972, quando surgiu o primeiro Sindicato de Trabalhadores Rurais, no Estado do Amazonas. Reconhecido pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, conforme Carta Sindical datada de 09 de maio de 1973, assinada pelo Ministro General Julio Barata. Itacoatiara foi o primeiro município a ser instalado a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Teve como Presidente provisório o Sr. Joaquim Reis, logo depois passou a assumir de forma efetiva, durante dois anos.
Nessa época os trabalhadores rurais moravam e trabalhavam na “fazenda Poranga”. Com o passar do tempo os trabalhadores foram despejados dessa área, como eram sócios do Sindicato Rural os mesmos moveram uma ação na justiça incentivada pelo Presidente do Sindicato Sr. Joaquim Reis contra o dono da “Fazenda Poranga” Sr. Francisco Costa.
Com esse movimento (ação na justiça) o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais foi acusado de incentivar os trabalhadores a praticarem a subversão. Por esse motivo, foi expedido um mandato de prisão pelo juiz Dr. Walfrido Hermida Maia da comarca de Itacoatiara. Mas com a união dos trabalhadores a prisão do sindicalista Joaquim Reis foi relaxada e juntamente com seus companheiros (trabalhadores rurais) foi à procura do Prefeito Municipal Sr. Jurandir Pereira da Costa e falaram dos seus problemas. O Prefeito sensibilizado com a questão liberou de forma verbal a área onde hoje é chamada colônia do Piquiá. Por que de forma verbal? Pois, sendo no período da ditadura e um prefeito experiente jamais daria aos trabalhadores rurais qualquer documento que se compromete com os mesmos, pois naquele momento da historia os trabalhadores rurais eram considerados subversivos e não ficava bem se indispor politicamente com o governador ou com os militares que governavam o país naquele conturbado período de perseguições políticas. No entanto, surgem novos problemas, transporte e donos da terra.
O Presidente do Sindicato Rural resolveu fazer um apelo (convite) ao secretário de Produção Rural do Estado do Amazonas o Sr. Pedro Conaldo para que viesse até Itacoatiara e dirigir-se a colônia do Piquiá.
O Presidente do Sindicato Rural Sr. Joaquim Reis reuniu todos os trabalhadores que receberam o secretário de Produção Rural do Amazonas com uma grande recepção. Nessa reunião Joaquim Reis deu abertura e falou a respeito dos problemas que vinham enfrentando, sobre as terras. Passou a palavra ao secretário, Pedro Conaldo que falou da união dos Trabalhadores em seguida chamou o engenheiro Dr. Johnson e disse; “demarque todas as terras dos trabalhadores, só respeite títulos definitivos se o dono estiver em cima, se não passe e deixe o resto comigo”. E assim foi feita a demarcação das terras, sendo 39 lotes de terra entregue a seus donos.
O primeiro nome dado a essa área foi colônia Agrícola do Piquiá. Seus primeiros moradores foram o Sr. Raimundo Gabino Mendonça e esposa Raimunda Fróes de Mendonça.
Em 1976, foi dado o nome de comunidade São José, por causa de seu Padroeiro. Todo o ano festejado no dia 19 de março.
Mais tarde no ano de 1992, passou-se a ser chamada comunidade São José da colônia do Piquiá, que tem como sigla APRUCOPI (associação dos produtores rurais da colônia do Piquiá).
Seus três primeiros Presidentes por ordem foram:
.Joaquim Reis
· Ferdinando de Souza Reis (Nandinho
. Erminio da Silva
A duração do mandato de cada Presidente é de dois anos. Atualmente a comunidade é dirigida pelo Sr. Lazaro Matos que terá o seu mandato até o dia 03 de março de 2005. Onde será feita nova eleição para a escolha de um novo Presidente. Eleição feita no mês de fevereiro de 2005 novamente a comunidade será administrada pelo Sr. Lazaro Matos que se reelegeu e tomou posse no dia 06 de março para mais um biênio frente à comunidade São José da colônia do Piquiá.

old photos 041

Inauguração da Escola Gonzaga Pinheiro.
A comunidade possui duas escolas de 1° a 4ª e de 5ª a 8ª série, sendo uma escola de alvenaria e outra de madeira. Administrada pela secretária de educação do Município de Itacoatiara. A primeira escola da comunidade foi à escola primária que levou o “nome” de Escola da estrada do Piquiá, foi construída no ano de 1975 e teve suas atividades com 30 alunos era um barracão de madeira feito pelos próprios comunitários. O prefeito da época era o Sr. Jurandir Pereira da Costa e a secretária municipal de Educação a Sra. Constância de Paiva. 3 anos depois 1978 foi construída a primeira escola de alvenaria Coronel Gonzaga Pinheiro com uma (1) sala de aula, um (1) deposito e um (1) pátio já na administração do prefeito Chible Calil Abrahim. Hoje a comunidade já conta com professores locais e com nível superior. Em 19 de fevereiro de 2005 é inaugurada pelo prefeito Mamud Amed Filho e pelo secretário de Educação do Município de Itacoatiara, Sr. Raimundo Jeodá uma nova escola em alvenaria com instalações bem maiores e melhores que a primeira, mas tendo o mesmo nome, ou seja, Coronel Gonzaga, que estará abrigando um número bem maior de alunos. A antiga escola provavelmente se torne um anexo, pois não foi demolida nem reformada pela atual administração Municipal.
Uma igreja católica que junto com a Pastoral da Criança realiza excelente trabalho com os comunitários. A Pastoral da criança representada pelas lideres voluntárias Maria Paula de Oliveira Matos e Marlene Ferreira Reis tem como missão fazer o acompanhamento das gestantes e das crianças visitando as famílias da comunidade e encaminhando para o serviço de saúde para começar a fazer o pré-natal das mulheres que estão grávidas. Para as duas lideres no pré-natal é possível “descobrir e tratar algumas doenças que prejudicam a gestante e o bebê”. Outras funções são:

old photos 026

Crianças da Comunidade.
· Preparação para a amamentação. O sucesso da amamentação depende de vários fatores. Mas o principal é à vontade da mulher amamentar.
Avaliar o estado nutricional da gestante. É preciso verificar, a cada mês, se a gestante está desnutrida. A desnutrição da gestante a prejudica e o desenvolvimento do bebê.
· Orientar sobre higiene. É importante que na gravidez a mulher continue se cuidando e se achando bonita. Isso é bom para a sua auto-estima.
· Alertar sobre riscos na gravidez. A mulher que fuma, usa drogas, álcool ou toma certos medicamentos durante a gravidez prejudica a sua saúde e o desenvolvimento do bebê. Para a Dra. Zilda Arns Neumann (2005 p. 03).
A Pastoral da criança já nasceu ecumênica, em setembro de 1983, no projeto piloto em Florestópolis, pertencente à Arquidiocese de Londrina, Paraná. Ao longo do seu caminho continuou fiel: acompanha 83.993 gestantes, 1.815.572 crianças menores de seis anos e suas famílias, independente de religião, raça ou partido político, e se alegra com a participação de lideres comunitários e coordenadores, vindos de outras Igrejas Cristãs. Desde o inicio, teve a preocupação não só de reduzir a mortalidade infantil e a desnutrição, mas também de promover a paz nas famílias e comunidades, pelas atitudes de solidariedades e a partilha do saber a todas as famílias.

old photos 037

Casal de idosos da Comunidade.
Quando participei da Reunião de Cúpula da ONU, em maio de 2002, como representante oficial do Brasil, a conclusão dos 180 países presentes foi que para construir a paz é preciso começar com a criança desde a gestação; os primeiros anos de vida são os principais para que a criança adquira valores culturais e se transforme em semente de Paz
A proposta da Reunião da ONU foi que se promovesse o desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo da criança desde o período da gestação até os seis anos, continuando depois nas escolas, com a recomendação de exercícios de matemática e outros que fortalecessem o raciocínio da criança e do adolescente.
A Igreja realiza ainda no dia 19 de março a maior festa da comunidade a que é dedicada a São José, Padroeiro da comunidade. Neste ano de 2005 será realizada no dia 02 de abril, devido à semana santa. No mês de dezembro acontece o novenário a São José.
Um centro social onde é realizado o festejo social e cultural com:

Centro Social. Foto Outubro 2010
Festas juninas
Festa do dia da Páscoa
Festa ao dia das mães e dos pais
Festas das crianças entre outras.
Em 1990 a comunidade contava com um Boi-Bumbá chamado Pai do campo criado aos 25 de abril do mesmo ano por um grupo de pessoas que se identificavam com a brincadeira do Boi, e sob a coordenação do senhor Izaias Dácio Rosas e demais participantes, resolveram dar inicio aos ensaios no dia 05 de maio do corrente ano, com recrutamento de mais brincantes e musicas características dos grandes Bumbas. As cores predominantes eram o verde e o amarelo.

old photos 022

Professoras entrevistando um comunitário.
Sob a batuta do senhor Isaias Dácio Ramos, participou do X - Festival Folclórico de Itacoatiara, realizado na quadra de esportes Herculano de Castro e Costa, em 1991 voltou novamente ao XI – Festival Folclórico de Itacoatiara também realizado na quadra de esportes Herculano de Castro e Costa. Em 1992 o Festival Folclórico de Itacoatiara foi realizado na área cultural, montada nas proximidades da CEAM (centrais elétricas do Amazonas) na Avenida Torquato Tapajós, onde hoje se encontra o fórum de justiça de Itacoatiara e a Escola Estadual João Valério de Oliveira (GM3), nesse ano o Boi-Bumbá Pai do Campo apresentou movimentos da cabeça, orelha e rabo, apresentou-se com 95 brincantes com destaques para a rainha do boi a jovem ? ? ? ? ? ? com o traje de guerreira das Amazonas, confeccionado com tecedura de tear, sementes e caroços de seringa, patoá, bacaba, açaí, inajá, plumas e penas de galinha. Em 1993, o Pai do Campo participou do XIII – Festival Folclórico de Itacoatiara, na quadra Herculano de Castro e Costa, tendo como destaques o tirador de toadas – Eliezer Fernandes um dos maiores incentivadores dos festivais folclóricos de Itacoatiara tendo participado de vários, como: Boi bumba garantido e os marujos que durante muitos anos dançava nas casas juntamente com seus participantes hoje já não o fazendo por falta de apoio das autoridades e até mesmo por desconhecerem uma cultura que surgiu na época dos escravos e que ao longo dos tempos foi desaparecendo. No ano de 1992 no boi bumba “Pai do Campo” criou algumas toadas como estas:
TITULO:
Colônia do Piqui
Boa noite Itacoatiara
Pai do campo chegoVeio brincar na cidade
Veio mostrar seu valor
Da colônia do Piquiá
Trazendo paz e amor
Titulo:
Minha toada
Eu vim aqui para cantar minha toada
E vim brincar com minha rapaziada
E as minhas raízes
A minha tradição
E o boi “Pai do Campo”
A alegria do povão
Marcha da rainha do Boi Bumba “Pai do Campo”
A rainha do boi “pai do campo” chegou
Veio aqui para sua beleza mostrar
Nossa rainha desfila neste tablado
Nosso povo educado, veio aqui lhe apóia
Nossa rainha veio mostrar sua beleza
Como é bela a natureza com a sua criação
Nossa rainha veste o verde e amarelo
Do nosso Brasil tão belo
A nossa grande nação
Com o termino do boi bumba “pai do campo” ficaram toadas inéditas como essa;
Sem titulo
Peço licença do povo
Deixe o meu boi passar
É o boi pai do campo

Que acabou de chegar

É o garrote famoso
O verdadeiro bumba

Que veio mostrar na cidade

A tradição do lugar

Sem titulo
Balanceia boi

Boi balancear

É o festão do povo

Todo mundo vem brincar

Balanceia boi

Boi balancear

A nossa moda é esta

E ninguém pode mudar.
Outro destaque foi a rainha do boi a jovem ? ? ? ? ? ? que se apresentou vestida de Boiadeiro. No mesmo ano apresenta-se na Praça de Nazaré no I – Ita – Folclore, em homenagem ao dia do folclore no dia 22 de agosto. No dia 27 de junho de 1994, no XIV Festival Folclore de Itacoatiara o Pai do Campo faria sua apresentação com 100 brincantes, mas os responsáveis pelo festival não mandaram transporte para busca os brincantes na comunidade São José do Piquiá isso gera uma confusão e a partir dai o Boi-Bumba Pai do Campo afasta-se dos festivais e desaparece para tristeza de muitos apreciadores do boi tradicional bem ao contrario dos atuais bois carnavalescos.

Uma fabrica de farinha mecanizada onde acontece o beneficiamento da mandioca e seus derivados. Todos os comunitários têm direito de usar a fabrica pagando uma taxa de 10% na produção referente a tudo que for produzido pelo comunitário. Ainda é possível encontrar fornos antigos sendo utilizados por algumas pessoas da comunidade São José da colônia do Piquiá.

old photos 021

Comunitária preparando um forno de barro.

Dentre os produtos mais extraídos da mandioca encontra-se a farinha comum (amarela), a farinha de tapioca, goma e tucupi. A farinha de tapioca não é valorizada como deveria ser pela comunidade, pois, é mais cara que a farinha comum, sendo vendida nas feiras e mercados ao valor de R$ 2,00 o litro enquanto a farinha comum, é vendida a R$ 1,50 o litro, outro produto e a goma que tem seu preço em torno de R$ 1.00 o litro o tucupi é o mais barato custa em torno de R$ 0.50 o litro. Sendo assim, a secretaria de abastecimento do município de Itacoatiara ou o IDAM (instituto de desenvolvimento do Amazonas) poderiam prestar informações aos comunitários como os mesmos poderiam explorar os recursos provenientes da mandioca agregando valores e qualidade naquilo que é produzido para a comunidade e consumidores da cidade de Itacoatiara.

A comunidade conta com uma agente de saúde que empresta seus serviços aos comunitários a Sra. Raimunda Nunes de Oliveira, atendente de enfermagem. Há 12 anos morando na comunidade São José da colônia do Piquiá, se reporta que as doenças mais comuns na localidade vêm a ser: febre, diarréia, vomito e alguns casos raros de malária. Com relação as outras doenças supra citadas o tratamento é feito com chazinho e soro caseiro, pois a comunidade não conta com uma farmácia e sim com um kit de primeiros socorros, nos casos mais graves é acionado o hospital municipal de Itacoatiara que manda uma ambulância pegar o paciente. Para a Sra. Raimunda Oliveira as condições de saúde da comunidade São José da Colônia do Piquiá são ótimas.

Para a Professora Cilene Souza Reis com 30 anos na comunidade São José da colônia do Piquiá, explica que o maior problema é a “destruição do Meio Ambiente”, trabalhos de sensibilização junto aos alunos são feitos, mas ainda não surtiram o efeito desejado. “espero que meus alunos possam mudar de comportamento e de seus pais em relação à conservação e preservação do meio ambiente”. Segundo os PCN’s (1998 p.190)


Destruição do Patromônio. Foto outubro 2010
Nesse sentido, o ensino deve ser organizado de forma a proporcionar oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre Meio Ambiente para compreender a sua realidade e atuar nela, por meio do exercício da participação em diferentes instâncias: nas atividades dentro da própria escola e nos movimentos da comunidade. É essencial resgatar os vínculos individuais e coletivos com o espaço em que os alunos vivem para que se construam essas iniciativas, essa mobilização e envolvimento para solucionar problemas.

É possível promover o desenvolvimento da sensibilidade, chamando a atenção para as inúmeras soluções simples e engenhosas que as formas de vida encontram para sobreviver, inclusive para seus aspectos estéticos, provocando um pouco o lado da curiosidade que todos têm; observando e valorizando as iniciativas dos alunos de interagir de modo criativo e construtivo com os elementos do meio ambiente. Isso acontece quando, por exemplo, os alunos descobrem sons nos objetos do ambiente, expressam sua emoção por meio da pintura, poesia, ou fabricam brinquedos com sucatas, observam e interferem no caminho das formigas, descobrem marcos de paisagem entre a casa e a escola, ou ainda utilizam/inventam receitas para aproveitamento de sobras de alimentos.

old photos 035

Antigo forno de torrar farinha.

Com relação ao Instituto de Desenvolvimento do Amazonas (IDAM) não tem prestado assistência técnica.

Segundo o funcionário e técnico do IDAM (Instituto de Desenvolvimento do Amazonas) o problema da comunidade São José da Colônia do Piquiá é a seguinte. Vários projetos foram executados na comunidade tais como: plantio de seringueira, plantio de cupuaçu, laranjeiras e a fabrica de farinha. Todos esses projetos foram abandonados pelos comunitários, conflitos internos fizeram com quem muitos desses projetos não fossem concluídos ou ficassem inacabados como é o caso da fabrica de farinha, que tinha como objetivo principal o empacotamento e distribuição da farinha e com isso agregaria valores e qualidade ao produto derivado da mandioca. Esse conflito levou até a separação, ou seja, um grupo de comunitários inconformados se separou para formar uma nova comunidade. “ O atraso da comunidade se deve a política, eles são dependentes da prefeitura e de políticos que só vão à comunidade pedir voto em nada contribuindo para o desenvolvimento dos comunitários”.

A comunidade que surgiu com os dissidentes foi à comunidade São Sebastião situada no Km 010 do ramal Silva Amazonas, foi fundada no ano de 1999. Hoje no ano de 2005 conta com 12 famílias.

Faz-se necessário trabalhar a Educação Ambiental não formal com a finalidade de despertar nos comunitários o interesse de explorar o meio ambiente de forma correta (sustentável) com o menor nível de impacto possível.

old photos 038

Professores(as) com os comunitários.

Para o Sr. Antônio Costa irmão de um grande fazendeiro na comunidade São José da colônia do Piquiá e responsável pela fazenda vovó Zoeth uma das mais bonitas da comunidade e que emprega mão de obra local tem em suas terras uma grande área de plantas cítricas, entre elas destaca-se a laranja, limão e tangerina todas bem cuidadas e tendo na mesma proporção outras espécies como: graviola, goiaba, cupuaçu, rambutã e tendo assistência técnica de alguns técnicos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa da Amazônia) que em visita a Itacoatiara são levados por amigos até a sede da fazenda para visitarem e também darem opinião a respeito do plantio das frutas consociadas. O Sr. Antônio Costa é formado em técnico agrícola e já se colocou a disposição dos comunitários que estejam dispostos à planta frutas cítricas ou não. Isso faria com que algumas pessoas deixassem de ser monocultores de mandioca e estariam tendo oportunidades de diversificar o uso de suas terras.

No ramal Silva Amazonas instalou-se um gaúcho disposto a investir na comunidade São José da Colônia do Piquiá com um projeto de plantio de laranja e açaí e também na produção de mudas cítricas que serão utilizadas no projeto. As mudas de cítricos já estão sendo produzidas e vendidas na cidade de Itacoatiara e brevemente estarão sendo levadas para o estado de Roraima. Gaúcho como é chamado acredita que o futuro está na comunidade São José do Piquiá, “encontrei as condições necessárias para tocar o projeto”.

As casas da comunidade São José da colônia do Piquiá foram construídas de madeiras retiradas do próprio local, com a maioria ainda muito primitiva coberta de palha, mas alguma já recém coberta de brasilit, composta em média de dois cômodos.

Devido aos constantes esforços dos comunitários, conseguiram para a comunidade uma escola de 1ª a 4ª série e 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental, um telefone comunitário, uma igreja católica, uma sede (onde são realizadas as reuniões e festas da comunidade) um campo de futebol, uma casa comunitária de farinha

O desenvolvimento da comunidade está agregado ao plantio da mandioca e do produto manufaturado (farinha, tapioca, beiju, goma, tucupi). O preparo da farinha de mandioca é tarefa demorada. Para wagley (1988: 84-5).

Usam-se as duas espécies de mandioca para fazer farinha: a variedade doce, não venenosa, e a amarga, ou mandioca “braba”, cujos tubérculos são bem maiores e contem uma alta porcentagem de acido prússico. [...], é esta espécie a mais usada no processo da farinha. Os métodos empregados na fabricação da farinha são, em essência, os mesmos dos índios das tribos Amazônicas. A parte mais trabalhosa é a remoção do liquido venenoso, que se faz de duas maneiras: na primeira, depois de descascar o tubérculo, é o mesmo passado em um ralador de mão ou no caititu, ralo cilíndrico movido por dois volantes de tração manual. Depois extrai-se o suco dessa polpa ralada. Uma cesta cilíndrica, chamada tipiti, usado pelos antigos aborígines, é ainda utilizada para esse fim. Coloca-se a polpa dentro desse tubo longo e flexível e, à medida que se estica o tipiti, o liquido vai escorrendo. Ou então remove-se o suco por meio de uma prensa em forma de caixa cuja tampa é empurrada por uma alavanca. Depois de extraído o suco, passa-se a massa por uma peneira a fim de separar as fibras e os grãos mais grossos. Finalmente, torra-se essa massa em uma grande chapa de cobre.

A segunda maneira de se fazer farinha de mandioca difere no método de tratar o tubérculo. Este, em vez de ser ralado, é depositado em um riacho ou qualquer água corrente, durante cerca de quatro dias, até que fique puba, isto é amolecido, quase podre. A casca é assim facilmente retirada, o suco extraído e a massa mole peneirada e torrada.
Fortalecendo de forma preocupante e precária a qualidade de vida dos comunitários do São José da colônia do Piquiá, de acordo com Rivas e Freitas (2002, 161).

É interessante observar que no circuito do mercado a renda monetária auferida não permite ao produtor a compra do mesmo produto vendido, pois parte do valor do produto é apropriado pelos agentes envolvidos na comercialização. Um exemplo bastante representativo dessa situação é a farinha de mandioca, produto básico na alimentação regional.

Na pesquisa de campo foram entrevistados 25 comunitários, sendo 14 homens e 11 mulheres. Dentre as quais encontrou-se 18 comunitários com o 1º grau incompleto, 02 semi-analfabetos, 04 com Ensino Médio e 01 com grau superior pois segundo Samuel Hanan (2001, 39 )
Em pleno século XXI, o mundo, em que pese os avanços tecnológicos, a globalização econômica e a fantástica e instantânea rede de informações e comunicações, ainda registra a tenebrosa marca do atraso e da injustiça social: as existências de cerca de 870 milhões de analfabetos. Gente que não sabe escrever e nem ler o seu próprio nome. Nesse contexto, ser um agente educador e poder contribuir, de forma decisiva, para reduzir o enorme contingente que vive na mais completa e absoluta escuridão, é mais que um privilégio, é uma missão divina. É a educação e não a luz elétrica, o meio capaz de eliminar a mais perversa escuridão, a do olhar e não ver

old photos 033

Lago próximo da comunidade.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

Nome da comunidade: São José do Piquiá
Localização: À margem direita da rodovia A m 010- Itacoatiara/Manaus no ramal entre o município de Silves e o rio Amazonas. A população residente na comunidade do São José do Piquiá é oriunda de vários municípios do Amazonas, nos quais se encontram agricultores, pecuaristas e estudantes. Como esta demonstrada nas tabelas.
Área: 10.800 Km

População: 68 famílias
Atividade econômica: Agricultura

Atividade social: São José

Atividade Cultural: Educação e esporte

CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS PARA A COMUNIDADE DO SÃO JOSÉ DO PIQUIÁ
Diante das análises e dos dados fornecidos pela pesquisa de caso realizada na comunidade do São José do Piquiá. Detectou-se a necessidade de fazer algumas propostas de melhoria para que possa haver um desenvolvimento sustentável dentro dos padrões exigidos pela sociedade e com isto a comunidade tirar proveitos das propostas aqui elencadas.
1. Criação de galinha caipira – observou-se durante a pesquisa caracterizada como estudo de caso na comunidade do São José do Piquiá que não existe a criação de galinha caipira em escala comercial. É sabido que, existe grande procura (aceitação) por parte da população (moradores da cidade de Itacoatiara) de ovos e do próprio animal que é bastante consumido (galinha caipira) que tem valor garantido na comercialização. Outro fator interessante é que é permitido oferecer mandioca a galinhas caipiras como alimento energético, produto existente em larga escala na comunidade do São José do Piquiá. E que segundo Carrijo, Alfredo (2003, 17)

A raiz da mandioca é excelente fonte energética e pode substituir o milho na alimentação das aves desde que observados alguns cuidados. A folha de mandioca também pode ser usada como fonte protéica e para melhorar a coloração da pele das aves. Tanto a raiz como as folhas devem ser trituradas e secas à sombra durante três dias. A secagem permite a volatilização e a eliminação do ácido cianídrico.



old photos 031

Forno Mecanizado.

Existem limitações nas quantidades administradas. Em aves de até 28 dias, pode-se utilizar mandioca triturada (inclusive a casca) na proporção de 20% da ração. Para recriar e engordar, o limite é de 50% para a raiz e 5% para as folhas. Em todos os casos, complementa-se com milho, sorgo, farelo de soja ou soja integral tostada, além dos suplementos mineral e vitamínico com aminoácidos. É importante adicionar 200 gramas de metionina a cada 100 quilos de ração.

2. Criação de abelhas – é sabido que as abelhas são de grande importância na agricultura. Mais o que se observa é o desaparecimento desses animais pois com o desmatamento e as queimadas que são realizadas para o plantio de mandioca e pastagens. As colméias são destruídas pelo homem por não conhecer técnicas corretas de exploração do mel, da geléia real, cera e própolis. Faz-se necessário firmar convênios com instituições, Ong’s, indústria de fármacos para que haja um melhor aproveitamento dos produtos derivados das abelhas. Desse modo, surgiria os apicultores que explorariam a produção em escala comercial na comunidade do São José do Piquiá. Segundo Marque e Porto (1995, 43-44).

Um dos insetos que mais traz beneficio ao homem é a abelha. Além de produzir o mel, a cera, o própolis e a geléia real, a abelha poliniza as flores, isto é, leva os grãos de pólen de uma flor para outra.

A maioria das plantas é polinizada por abelhas e outros insetos. Sem a polinização não se formariam os frutos, o que causaria graves prejuízos para todo o ciclo vital da maioria das plantas e para a produção agrícola em geral.

3. Reflorestamento das áreas degradadas e a conservação de outras que ainda não foram afetadas, viria recuperar o solo que é perdido, pois desprovido de vegetação, o solo das florestas tem um futuro pouco promissor. A destruição das florestas favorece a erosão principalmente dos sais minerais que as plantas utilizam para a fotossíntese. Para que, que não haja uma desertificação irreversível na comunidade do São José do Piquiá no futuro, há necessidade do plantio de plantas nativas da região e a preservação das existentes, é de conhecimento público que as plantas da Amazônia são de grande importância para as indústria farmacêuticas. Como afirmar Rivas e Freitas (2002, 17)

A indústria farmacêutica é muito mais dependente de produtos naturais do que se imagina. Cerca de um quarto de todas as drogas usadas na medicina são fabricadas diretamente de plantas ou versões modificadas de substâncias encontradas na natureza. Cerca de 121 princípios ativos são derivados de plantas superiores, entre estes a morfina, codeína, quinino, atropina e digitalis. O conhecimento dos povos tradicionais sobre uso de plantas na medicina “caseira” é a principal fonte de informações que os cientistas buscam para facilitar a “descoberta” de novas drogas. Se as florestas tropicais são consideradas bibliotecas da vida, os chamados “povos da floresta” seriam então os seus bibliotecários. Plantas utilizadas na medicina caseira, quando testadas cientificamente, têm 2 a 5 vezes mais chances de apresentar um princípio ativo de interesse econômico do que outras plantas.Portanto as propostas supra citadas são importantes para os moradores da comunidade do São José do Piquiá, beneficiando de projetos e investimentos governamentais e até da iniciativa privada que trariam melhoria econômica, social , política e cultural para a comunidade do São José do Piquiá.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá gostei muito de vc ter falado sobre o piquia, eu sou de lá mas não moro mais tenho meu avós que moram na beira do rio urubu queria q tivesse mais fotos. mas valeu ai

Anônimo disse...

olá voce ministra aulas nessa escola chamada joão valerio de oliveira e gostaria de saber quem foi joao valerio? e porqeu se dar o nome da rua joao valerio em manaus podes me ajudar e se existe familiares dele por aqui em manaus
abrço aguardo contato araujo.elizethe@hotmail.com

Anônimo disse...

GOSTARIA DE VER MAIS FOTOS DO PIQUIÁ

Manoel Nunes disse...

olá, nascí na Colonia do Piquiá e estou há 15 anos longe daí, gostaria de ver mais fotos

Plank disse...

Olá professor Ricardo, excelente descrição sobre essa comunidade. Já faz algum tempo que estou longe de Itacoatiara, senti saudade e passei a pesquisar sobre tudo que existe publicado. Belo trabalho!

Ah! Ainda não esqueci o conceito fotossíntese(rsrsrs)

Alex martins

Plank disse...

Ola professor Ricardo! Excelente descrição sobre essa comunidade. Estou longe de Ita, "bateu" a saudade, então passei a pesquisar o que existe publicado sobre essa cidade maravilhosa. Encontra essa bela descrição. Parabens!

Abraços

Alex Martins

PS.:Ah! Não esqueci o conceito de fotossíntese.