domingo, 4 de janeiro de 2009

A SARACURA - CONTO

avenida 15 de novembro

Avenida 15 de Novembro

Autor: Lemos, José / Abreu, Ricardo

Aconteceu no alto seringal de Beira Alta no estado do Acre. Um rapaz boa pinta, conversa mansa, estilo mineirinho (como é mais conhecido: o come quieto). Vindo recente da cidade de Ouro Preto, estado de Minas Gerais classificada desde 1980 como patrimônio cultural da humanidade pela agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Sua fundação em 1711 foi resultado da aglutinação, para fins administrativos, de uma série de povoados (arraiais) dedicados ao garimpo do ouro na área da Serra do Itacolomy, processo iniciado em 1698 pelo paulista Antônio Dias de Oliveira.

Mas nós não vamos falar de Ouro Preto, pois de lá o nosso personagem saiu da Serra do Itacolomy por se envolver em uma paixão ardente, com a mulher de um famoso garimpeiro da região, fugindo desembarca no estado do Amazonas e em seguida prosseguir sua viagem para o Estado Acre para trabalhar nos seringais. Chegando à localidade de beira alta, logo se engraçou pela moça mais bela do lugar. Conversa vai conversa vem, acertaram um encontro.

O rapaz diz para a moça de nome Dalva:

- Quando a noite chegar eu vou imitar a saracura lá embaixo da sumaumeira e tu vás ao meu encontro!

Tudo acertado e como prometido o rapaz de nome Miguel começou a imitar o canto da referida ave.

O pai de Dalva, nordestino, recrutado como soldado da borracha diz para a mulher:

- Acende o fogo e coloca água pra ferver que eu vou matar essa saracura para o jantar.

Dalva ouvindo as palavras do pai começou a embalar e cantar com seu irmão mais novo uma canção mais ou menos assim:

“Voa, voa saracura que meu pai que te matar.

Voa, voa saracura que meu pai que te matar.

Voa, voa saracura que meu pai que te matar.

Dizem os moradores da localidade que até hoje o rapaz está embrenhado nas matas acreanas.

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