segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

FILHO DE BOTO - CONTO

1495Centro de Saúde da Fundação SESP em Itacoatiara (AM)

Centro de Saúde da fundação SESP ( Serviço de Saúde Pública)

Autor: Lemos, José / Abreu, Ricardo

O boto a noite adormecia o seu Raimundo que é marido de Rosa uma linda mulher de lábio carnudo e de um corpo sedutor, quando vinha na cidade fazer compras desfilava aquela belezura que Deus lhe deu e deixava a macharada toda em pavorosa e desejosos d’aquele corpo que “pertencia” a Raimundo do boto como era mais conhecido na pequena cidade de Itacoatiara encravada a margem esquerda do majestoso rio Amazonas. Nossa história começa no lago Canarana no município de Urucurituba. Raimundo sujeito trabalhador e ciumento, pois tinha se tornado marido da mulher mais bonita da vila de Itapeaçu, para não correr o risco de ser traído pela mulher levou-a consigo para seu sitio que se localizava na cabeceira do Canarana e por lá viveram por três anos felizes e tranqüilos. Mas, és que acontece o inesperado numa tarde tomando banho nas águas calma do lago. Rosa percebeu que um enorme boto vermelho também ali se encontrava e soltava fora d’água como se quisesse chamar atenção. Chamou por Raimundo que roçava uma pequena rebolada de capim logo ali perto. Esse boto esta com um comportamento muito estranho talvez esteja querendo me possuir disse ao marido. Que lhe respondeu te trouxe da cidade para não ser corno e você esta insinuando que vou ser de boto? Boto comigo é no arpão.

Passaram três dias e três noites do acontecido, Raimundo sonhara que estava num leito de hospital e era anestesiado pelo medico chefe, que tinha um rosto estranho mais chamava atenção pela cor da pele bem rosada, toda noite o mesmo sonho.

Rosa também sonhava com um cavalheiro elegante de terno branco e um chapéu do panamá que todas as noites chegava montado num belíssimo cavalo castanho, colocava-a na garoupa e cavalgavam a noite toda em lugares dantes imaginados.

Quando o dia amanhecia, Rosa acordava suada e cansada, o quarto com um cheiro forte de peixe e o assoalho daquela humilde casa coberta com palha da região todo molhado e ficando sem “entender” o que estava acontecendo.

Aquele corpo moreno da cabocla amazônica com cheiro misterioso de mata molhada era consumido pelo elegante cavalheiro de chapéu do panamá.

Rosa sentiu-se grávida e três meses se passam. Quando sente fortes dores a parteira é logo chamada e da seu veredito de anos de experiência em trazer as criancinhas a luz do mundo. Isto não é uma criança compadre Raimundo! É um filho das águas e a comadre Rosa já está em trabalho de parto ponha água para ferve que eu vou prepara a comadre para despejar esse fruto que não é desse nosso mundo. As horas passam lentamente o sol já se punha no horizonte quando nasceu um sirênio de mais ou menos 30 cm de comprimento. O sirênio não sobreviveu vindo a falecer logo em seguida. Era um animal perfeito e bastante rosado.

Raimundo enterrou o animalzinho no fundo do quintal. Comadre maroca terminou seu trabalho de parturiente como era uma senhora de bastante idade avançada mais não demonstrava pela sua agilidade em andar e lucidez no pensar tomou um banho e foi deita-se, mas sem antes receitar para rosa um caldo de galinha caipira de quintal.

La pelas oito horas da noite não foi mais possível dormir naquela pacata localidade, pois apareceu um bando de botos vermelhos e pretos que conversavam entre si numa linguagem indecifrável para simples mortais e que faziam um barulho infernal. Como se estivesse numa festa bem animada aonde os bêbados gritam e falam coisas que ninguém entende e a musica é tão alta que os ouvidos e a cabeça só falta estoura.

Ao amanhecer do dia seguinte, comadre maroca pede ao compadre Raimundo que ele verifique o local que tinha enterrado o botinho o compadre obedecendo às ordens da comadre foi ao local que havia feito o sepultamento.

Qual a sua surpresa o sirênio não mais se encontrava na cova, os botos da noite anterior tinham vindo busca o parente falecido.

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