segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O PAU DO RIO - CONTO

Rabeta no amazonas

Rabeta meio de transporte comum nos rio da Amazônia

Autor: Abreu, Ricardo

Essa história foi contada pelo próprio filho do seu Joaquim, num dos muitos encontros que faz com seus amigos na Praça do Relógio sem ponteiro, na cidade de Itacoatiara.

Contava-nos que seu pai era um sertanejo do sertão brabo, sujeito que nunca soube o que foi um banco de escola.

Veio para a Amazônia aos 17 anos no período em que os coronéis donos dos seringais acendiam charutos com notas de cem dólares. Tinha metido na cabeça que faria fortuna trabalhando nos seringais acreanos.

Foi realmente levado, juntamente com uma grande lava de homens para as bandas do Acre. Dessa forma, presenciou muitos companheiros de viagem morrer de malária e de outras doenças que aterrorizavam os seringueiros.

Cabeça chata, como era chamado na localidade Cachoeira da Boa Queda, onde trabalhou por 10 anos extraindo o látex das seringueiras, viu patrão mandar emboscar seringueiro que conseguia com duras penas tirar saldo no final do ano. Coisa rara de acontecer e quando acontecia o seringueiro querendo fugir daquele inferno, partia ao encontro da morte planejada pelo ex-patrão.

Contam as más línguas que o personagem dessa história matou oito capangas e deixou o coronel sangrando que nem porco estrepado em uma peixeira que nunca tirava da cintura e quando o fez, foi para fazer o serviço de fuga do seringal.

O filho Geraldo não confirma e também não nega esta parte da história.

Geraldo nos contou que um dia seu pai comprou um motor na Zona Franca e mandou que ele ficasse tomando conta da máquina enquanto ele, Joaquim, tomava conta do leme. E começaram uma longa viagem de Manaus até a cidade de Manicoré, lá pelas tantas, Geraldo percebeu que o leme não parava de girar fazendo o motor se enrolar que nem cobra, ora ia para a direita ora ia para esquerda, fazendo um estranho ruído nas correntes que prendiam o leme. Incomodado, quis saber o que estava acontecendo.

- Pai, o que está acontecendo?

E o pai responde com ar de autoridade:

- É esse pau aí no rio que não sai da frente do motor.

Geraldo olhou para o pau que navegava acompanhando o barco que seu pai pilotava tão nervosamente. Lá atrás cortando o infinito, uma linda lua nova iluminava um céu estrelado. Fazendo com que, o mastro do barco refletisse nas águas barrentas do rio Solimões.

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