terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O BAILARINO ALADO


Autor: José Lemos
Sempre que ligava a televisão, para assistir noticias do Estado, através do canal Ajuricaba, era comum assistir nos intervalos, o show apresentado por um filhote de socó, que no ritmo da música, dava uma demonstração de um verdadeiro dançarino. Não sabia o porquê do repentino desaparecimento do pássaro até que um dia resolvir fazer uma viagem imaginaria, ao interior do município de Nova Olinda do Norte, precisamente ao lago do cajui, onde encontrei uma família de nordestinos, remanescente dos soldados da borracha, que no tempo da guerra, eram recrutados no Ceara para trabalharem no Amazonas e Acre, na extração do látex da seringueira.
Ainda no seu estado, eram-lhe dito da facilidade de se trabalha na produção da borracha. Para eles era só cortar a árvore e colher a matéria prima já acabada, no ponto de ser vendida ao comprador. Puro engano.
Seu Bonifácio e os filhos, Cícero de dez anos, Sebastião de onze e Zé Mario de doze, vieram em busca do Eldorado prometido.
Chegaram a Manaus no ano de 1942 e depois de poucos dias numa hospedaria, juntamente com os milhares de conterrâneos foram embarcados para os seringais do Acre. Vou deixar de contar o resto da história da família do seu Bonifácio, pois já desviei bastante do assunto “Socó”.
Os três irmãos já mencionados, todos já eram casados e com netos, um dos quais era agora, uma espécie de chefe da casa, ou melhor da comunidade, pois viviam na mesma propriedade adquirida por eles, logo depois do fim da guerra.
Conversando com o mais novo da turma, o Zezinho, de quinze anos, fiquei sabendo a verdadeira história do nosso personagem. Criado desde pequenino, o pássaro era colocado num varal, bem ao lado de uma janela de onde todos os dias ele ouvia músicas tocadas num velho gramofone, e sempre repetidas, por falta de outros discos de vinil.
Assim o socozinho ia, no afam de se equilibrar no varal, apresentado o seu balé involuntário, um dia um visitante ficou tão impressionado, que resolveu filmar aquela dança que terminou sendo apresentada na televisão.
Gabriel, o dono do pássaro, depois de muita insistência conseguiu autorização do pai para sair em buscar do fujão, que já causava muita saudade em todos da comunidade.
Formada a expedição, composta por três membros da família, Gabriel, Cícero e marcos a fim de levar a bom termo a empreitada. No terceiro dia de viagem, já bem longe do local da partida acamparam sob a sombra de uma grande sumaumeira e lá pernoitaram, sem antes combinarem que o dia seguinte seria o ultimo da tentativa para encontra o “filhotinho” de socó desaparecido.
Bem cedo, estavam ainda levantando acampamento quando ouviram não muito longe uma espécie de concerto, formado por cânticos de vários pássaros, todos conhecidos pelos membros da expedição. Logo se aproximaram e qual a surpresa da turma ao verem a frente da orquestra, como um verdadeiro regente, o motivo de toda trabalheira. Um socó imponente e altivo comandava uma turma imensa de pássaros vários, todos perfilados seguiam as instruções do chefe. No final, ensaiaram uma dança tão bem executada que os nossos amigos esqueceram completamente o motivo da viagem. Agora só viam o que estava acontecendo e o porquê da beleza apresentada pala natureza, principalmente àquela hora da manhã.

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