terça-feira, 1 de dezembro de 2009

LIGEIREZA


Autor: José Lemos
Todos a chamavam de melindrosa, pois quando passava ia deixando um rastro de soberbia pelo chão. Era funcionaria pública e gosava de prestigio junto à chefia.
Naquele fim de mês, lá vai ela toda lampeira receber seu polpudo ordenado, depois de se emperiquitada pegou sua ronda e lá se foi rumo a repartição empregadora, tinha que cumprir suas obrigações mensais, ou seja devia assinar recibo na folha de pagamento o que por si só já justificaria um pedido de aumento. Todo fim de mês era aquele trabalhão, ter que ir “justificar o seu honesto rendimento, sem perda de tempo, cheia da grana, foi em direção ao magazine para as compras habituais. Por infelicidade, ao subir o primeiro degrau, escorregou, e em menos de um segundo estava de pé e dona de toda pose, olhou para os lados e viu um bêbado sentado no meio-fio da calçada e ainda assustada perguntou-lhe: viu minha ligeireza? Ao que o bêbado respondeu “vi...só não sabia o nome”.

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